sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Porto de Vítor Pereira, o pouco/muito que mudou

Muitas pessoas questionam-se, o que mudou neste Porto para o Porto da época passada?Para entendermos, não vamos fugir do essencial, a saber: praticamente o mesmo plantel e um treinador com a mesma metodologia do seu antecessor.
Existem inúmeros factores que concorrem para o rendimento de uma equipa. O facto de utilizarmos o mesmo modelo de jogo (aquilo que queremos que a nossa equipa faça em campo) e mesmo, os mesmos exercícios para fomentar esse mesmo modelo, não quer dizer que o resultado final seja igual. O mesmo exercício dado aos mesmos jogadores pode ter resultados diferentes se mudarmos apenas o treinador. Parece difícil de entender, mas de facto aquilo que o jogador recebe é sempre diferente de treinador para treinador. Podemos ir ainda mais longe, as mesmas palavras ditas na mesma altura podem ser recebidas de forma diferente por parte dos jogadores bastando para isso mudar o tom de voz ou a confiança com que essas palavras são ditas.
Ser treinador de top, como Vilas-Boas é, não é apenas dar o exercício X no dia Y. É, por exemplo, ter sensibilidade para entender que, no dia Y o exercício X deve ser realizado com o campo mais pequeno ou maior. O simples facto de alterarmos as dimensões do campo num exercício está a alterar a sua complexidade. Em determinadas alturas queremos que os nossos jogadores resolvam rápido e com êxito determinado problema criado num exercício de treino, aumentando assim a sua confiança e auto estima. Existem outras alturas em que queremos que os jogadores tenham mais dificuldade em resolver o problema criado nesse mesmo exercício. Isto não está nos livros, é necessário entender o que a equipa precisa em determinado momento, ou seja, ter sensibilidade.

Consigo notar também que o discurso de Vítor Pereira não é tão sólido como o de Vilas-Boas. Para que um jogador consiga explanar todo o seu potencial com regularidade, tem, em minha opinião, de acreditar cegamente no seu treinador. Tem de estar 100% do seu lado e olhar para ele como alguém muito importante para o seu rendimento. Parece-me que um adjunto, por melhor que seja, terá muitas dificuldades em gerar nos seus jogadores a confiança necessária para um rendimento superior.

Vítor Pereira pode até ser bom treinador. Acredito que na época passada tenha tido um papel decisivo nas vitórias do Porto. No entanto, parece-me que este ainda não era o seu ano como numero um de uma equipa que acabara de vencer o Campeonato e Liga Europa. O futuro encarregar-se-á de me dar ou não razão.