domingo, 19 de outubro de 2014

Saídas curtas do Porto de Lopetegui

Julen Lopetegui é um treinador com ideias bem vincadas quanto ao seu modelo de jogo. Uma delas é querer que a sua equipa jogue de pé para pé, sempre com saídas curtas, pretendendo ter muita posse de bola.

Quando queremos que a nossa equipa saia a jogar, necessitamos de preencher os espaços de forma a criar linhas de passe que nos permitam progredir no terreno.

A meu ver, é exatamente aqui que se encontra o grande erro tático de Lopetegui.

Vejamos as imagens:



Se repararmos, o Porto de Lopetegui sai a jogar com os centrai bem perto um do outro, com os laterais abertos e sem grande projeção, e com o médio defensivo bem afastado da linha defensiva, à espera que a bola entre em segunda fase de construção. 

Normalmente, o Porto apenas consegue sair de duas formas: ou com o lateral a jogar no espaço para o extremo, ou quando o central transporta a bola para frente, com riscos no 1x1. Isto acontece porque os laterais recebem sempre bola com um extremo adversário pela frente, tendo de passar outra vez ao central ou passando longo para o seu ala. Muitas perdas de bola acontecem quando o lateral tenta passar para dentro enfrentando a pressão do extremos e com as linhas de passe fechadas para o meio.

Sendo assim, como é que deveria ser o posicionamento da equipa para conseguir sair curto? Vejamos:


Quando uma equipa quer sair a jogar curto, deve ter uma ocupação agressiva dos espaços. Sendo assim, os centrais devem estar bem abertos, os laterais bem projetados (afim de receberem à frente do extremos adversário ou pelo menos fixar o seus adversários diretos) e um médio defensivo seguro em posse de bola, posicionando-se bem no meio dos centrais, sendo ele a decidir o rumo da jogada.

Desta forma, e com uma boa mobilidade dos médios interiores, conseguimos linhas de passe efetivas. 

De facto, com esta disposição em campo, obrigaremos o nosso adversário a manter os extremos (ou alas) bem recuados de forma a que a bola não entre nos laterais. Caso contrário, teremos os nossos laterais numa posição privilegiada para criar desequilíbrios.


Por vezes, não basta, a um treinador, ter uma ideia de jogo bonita. É necessário que a consiga materializar. A meu ver, até agora, Julen Lopetegui não conseguiu.

sábado, 11 de outubro de 2014

Como deve jogar a nossa Seleção com Fernando Santos

     Hoje é o primeiro dia de jogo da nova Seleção de Fernando Santos. A expectativa é grande para vermos qual será o seu onze.

     As indicações que temos até ao momento são bastante positivas, já que, ao contrário de Paulo Bento, Fernando Santos, parece ter entendido o óbvio - Portugal não tem Ponta de Lança. E, a meu ver, não tem que ter.

     Eu explico:




     Convencionou-se que todas as equipas tinham de jogar com um ponta de lança (um jogador com morfologia idêntica a um defesa central, com bom jogo aéreo, que segura bem a bola e finaliza facilmente). Jogar com um ponta de lança fixo significa que a equipa deve estar preparada para servir esse tipo de avançado utilizando um Modelo de Jogo (MJ) baseado (no seu processo ofensivo) em cruzamentos para a área.


     Acontece que nem todas as equipa têm de jogar dessa forma e, Portugal, com os seus jogadores, deve jogar de forma diferente.

     Dani, por ser um jogador de extrema qualidade, pode ocupar a posição mais avançada da nossa seleção, tendo naturalmente uma missão distinta dos nossos pontas de lança tradicionais. Nas fases de construção Dani pode ser um elemento a mais no meio campo ofensivo, criando superioridade numérica no miolo e dando mais uma opção de passe aos Médios portugueses, aparecendo depois, de trás para a frente para finalizar. Em fase defensiva pode ser o homem mais adiantado da equipa, estando sempre pronto para romper aquando da recuperação da posse de bola.

Ronaldo e Nani, defensivamente mantêm as suas rotinas, mas, no processo ofensivo, avançam para o meio em diagonal com e sem bola, ocupando lugares de finalização e abrindo espaço real para os laterais darem profundidade nas alas. Aliás, é dessa forma que Ronaldo e Nani se sentem mais à vontade em campo.

Todos os outros jogadores permanecem com as suas rotinas, pois as suas missões não têm alteração de maior, tanto no plano ofensivo como defensivo.

Esta, a meu ver, seria a formula do sucesso. Espero que Fernando Santos pense de forma parecida!